Páginas

terça-feira, junho 05, 2007

Em Goiás até os juizes são roubados

Como alguém com salário de R$ 1,5 mil pode andar com de Mercedes Benz avaliada em mais de R$ 200 mil e outros carros importados? Foi essa pergunta que fizeram colegas de trabalho de Rodrigo Prado de Oliveira, 30, gerente de serviços gerais da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) desde 2001.

Nos últimos seis meses, a direção da entidade acompanhou de perto a vida do ex-estudante de Direito. Além dos veículos, soube-se que ele possuía vários imóveis e ostentava patrimônio muito além do que poderia adquirir com seu salário. Como Rodrigo era o único funcionário com acesso à conta bancária da Asmego, não foi difícil suspeitar de onde vinha tanto dinheiro.

Rodrigo foi preso no sábado, dois dias depois de o presidente da Asmego, o juiz Wilson da Silva Dias, ter procurado a Polícia Civil para pedir uma investigação. Além de Rodrigo, a equipe do delegado do 8º DP, Manoel Borges, prendeu o irmão do gerente – o advogado Régis Prado de Oliveira –, e mais dois empresários do setor automotivo. De acordo com o delegado, Rodrigo usava um dispositivo eletrônico conhecido como token para desviar pela internet o dinheiro da entidade para contas de laranjas.

Ironicamente, o token é um sistema criado como fator de segurança adicional em transações financeiras na rede mundial de computadores, para garantir total privacidade em caso de roubo de senhas, por meio de programas espiões como os trojans. “Ele desviava o dinheiro da conta da associação para conta do irmão dele e de outras pessoas, que identificamos como laranja”, conta o delegado.

CARROS IMPORTADOS

Com Rodrigo e Régis, a polícia encontrou 15 carros importados, um deles avaliado em R$ 280 mil. Todos foram apreendidos. Há dois iates que valem mais de R$ 200 mil cada com a dupla, que a polícia deve recolher hoje. O delegado pediu ontem o seqüestro de bens imóveis dos irmãos, já que existe a suspeita que eles compraram casas e apartamentos com dinheiro da Asmego.

O pedido está na 9ª Vara Criminal de Goiânia. “Nós chegamos nele e mostramos o extrato da conta, zerada, não tinha como ele dizer que não cometeu o crime”, comentou o delegado. O presidente da Asmego afirmou que a entidade realizará uma auditoria para apurar quanto foi desviado. A polícia acredita que o valor ultrapasse R$ 1 milhão. “Não sabemos dizer quando ele começou com isso.” A Polícia Civil determinou que as informações fossem mantidas em sigilo até a manhã de hoje, quando será dada uma entrevista coletiva por Manoel Borges e Wilson Dias, sobre a operação.

Nenhum comentário: