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quinta-feira, junho 21, 2007

Goianos perdem R$ 180 mi por ano


Ladrões tiraram do bolso do goiano em 2003 – seja roubando ou furtando (quando a vítima não está presente) – pelo menos R$ 180 milhões, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgados ontem. É como se cada goiano tivesse dado pelo menos 32 reais para um bandido em um ano. Chama a atenção na pesquisa também o número de ocorrências dos crimes que não são notificadas na delegacia – mais de 70%. A pesquisa é nacional, mas é a primeira vez que se quantifica o prejuízo dos goianos em assaltos.Os pesquisadores ressaltam que o prejuízo deve ser bem maior que os R$ 180 milhões divulgados, pois é impossível computar valores não declarados à polícia. Entre os indicadores que ajudaram a apontar um valor aproximado, estão os roubos e furtos de veículos – única base de dados desses crimes que no Brasil ficam bem próximo do total real.De acordo com a pesquisa, ocorreram em Goiás cerca de 614 mil ocorrências policiais em 2003, das quais apenas 159 mil foram informadas pelas vítimas à policia. Pouco menos de um terço ocorreu na capital, onde o índice de subnotificação é quase o mesmo (74% no primeiro caso contra 73%). No Brasil, foram mais de 24 milhões de crimes – notificados ou não.Pouco mais de 15% dos crimes ocorridos em Goiás seriam roubos, que geraram prejuízo de R$ 48 mil às vítimas. Outros 21% se referem a furtos, onde as perdas passaram de R$ 131 mil. Goiânia concentra 44% dos furtos e 60% dos roubos. O goianiense teve um prejuízo de R$ 87 milhões.O estudo mostra que quando a pessoa não está presente no ato do crime a subnotificação é maior. Em Goiás, 82% das vítimas de furto não registraram ocorrência. Nos casos de roubo, o índice é de 69%. Os dados de Goiás não estão muito diferentes da média nacional. “É difícil apontar de quem é a culpa. Na verdade, a causa está nas variáveis que levam o criminoso a entrar no mercado do crime. O que faz uma pessoa a querer roubar ou furtar? Geralmente essa questão passa pelas variáveis da impunidade e desigualdade social, que no Brasil são pontos preocupantes. Principalmente depois de 1980”, explica o pesquisador do Ipea Daniel Cerqueira, um dos organizadores do levantamento.Daniel diz que o alto índice de subnotificação se deve a três fatores principais: a vítima acredita que chamar a polícia não vai resolver; o bandido ficará impune caso a queixa seja feita; e medo de represálias. “A impunidade é muito grande no Brasil e é um dos principais motivos que faz com que a pessoa resolva entrar no mercado do crime e a vítima a se resignar e calar-se diante de um roubo ou furto. É senso comum que a possibilidade de punição no Brasil é zero.” O cálculo do prejuízo foi feito com base em dados do Ministério da Justiça e do IBGE.

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