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sexta-feira, março 16, 2007

As diferenças que igualam PT e PSDB em defeitos


PT e PSDB, como se sabe, cultivam uma relação de estudada antipatia. Natural. Em “A Prisioneira”, traduzido no Brasil por Manoel Bandeira e Lourdes Sousa de Alencar, Proust (1871-1922) ensinou: “Habitualmente detestamos o que nos é semelhante e nossos próprios defeitos vistos de fora nos exasperam.”

Assim é que, ao tomar posse na Assembléia Legislativa de São Paulo, nesta quinta-feira (16), a prioridade da maioria governista que se formou em torno do tucano José Serra é evitar que a minoria, sob a liderança do PT, consiga instalar CPIs. Em especial a comissão destinada a investigar a cratera do metrô paulistano.

Tem-se, assim, o quadro exasperador de que falava Proust. Em Brasília, PSDB e PFL pegam em armas regimentais para pôr de pé a CPI do Apagão Aéreo, que o consórcio congressual de Lula quer enterrar. Em São Paulo, as mesmas legendas buscam no regimento munição para bloquear a investigação das causas do buraco que tanto incomoda ao tucanato. Ali, é o PT quem ameaça recorrer ao Judiciário para ver respeitados os direitos da minoria.

São essas diferenças que igualam PT e PSDB, tornando-os detestáveis irmãos siameses da política nacional. Em meio à encrenca, Heráclito Fortes (PFL-PI) conseguiu emplacar no Senado a primeira CPI do segundo reinado de Lula. Destina-se à investigação do ervanário repassado às ONGs, tão badaladas quanto mal fiscalizadas.

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