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sábado, março 31, 2007

É ministro, é pamonha, é ministro, é pamonha, é...



Munido de autorização presidencial, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) anulou todas as punições disciplinares que o comando da Aeronáutica impusera a controladores de vôo fardados nos últimos seis meses. Não tinha alternativa. Ou cedia ou não haveria nem pousos nem decolagens nos aeroportos brasileiros na manhã deste sábado (31).

Com a paciência esgotada por seis meses de um infrutífero lero-lero, o naco militar da mão-de-obra que bate o ponto nos centros de controle de tráfego aéreo levou a faca à garganta do governo. Embora fardados, exigiram negociadores civis. E impuseram uma condição. O civil não poderia atender pelo nome de Waldir Pires.

Além de aviões, a intervenção do civil Paulo Bernardo, o mesmo que prometera regular as greves em serviços essenciais, fez alçar vôo uma série de interrogações. Duas são mais incômodas: Qual é a serventia de Waldir Pires? O que restou da hierarquia militar?

A história brasileira demonstra que a resolução das principais crises militares sempre exigiu a presença de um chefe. Foi assim, por exemplo, em 1977. Imagine-se o que poderia ter acontecido se o presidente Ernesto Geisel não houvesse levado à bandeja o escalpo do general Silvio Frota.

A criação do ministério da Defesa, sob FHC, interpôs entre os militares e o presidente da República um subchefe. A ele deu-se o nome de ministro. Manda a boa educação democrática que o titular da pasta vista terno e gravata, não uma farda. Nem por isso pode despir-se da condição de chefe.

Ao nomear Waldir Pires para a trincheira da Defesa, o presidente premiou um amigo que, por indefeso, tornou-se um problema. Lula não convive bem com a idéia de passar na lâmina o emprego de companheiros. Como resultado, tem-se o azedume dos usuários de avião, a transformação da Aeronáutica em sindicato e a fermentação de uma crise desnecessária.

Onde há chefe, não há tumulto em quartel. Não havendo comandante, qualquer sargento com habilidade para operar uma máquina de controlar aviões sente-se à vontade para escolher a quem deve e a quem não deve bater continência. Diz-se que a indisciplina foi produzida pela incapacidade do governo de prover soluções. Bobagem. Em verdade, as “autoridades” ainda não conseguiram enxergar o problema.

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