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quinta-feira, março 15, 2007

Trote paralisa Justiça de Senador Canedo

O juiz Fernando Ribeiro e o promotor Glauber Rocha conversando com policiais , enquanto era feita a busca por uma bomba no Fórum do Senador Canedo


Um trote bem interpretado, contundente e com voz séria e precisa foi suficiente para parar a Justiça de Senador Canedo ontem. Cinqüenta funcionários, entre eles magistrados, promotores e policiais, evacuaram o prédio depois que a secretária de um promotor recebeu uma ligação às 13 horas. “Néia? Você acaba de ganhar duas televisões e um armário de cozinha numa promoção! Mas eu estou no Ministério Público (que fica no Fórum) e não posso falar disso agora. Pode sim! Aliás, seu prêmio é outro. E vai explodir entre três e três e meia agora à tarde aí no Fórum. Ah, e não diga pra ninguém. Se você sair do prédio, ou se avisar, te pego depois”. Chorando, Néia Alves Canatti alertou o promotor Glauber Rocha Soares sobre as ameaças, que chamou a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.

Não houve tumulto, mas as atividades marcadas para a tarde foram todas suspensas. Quatorze audiências foram canceladas e não houve expediente. “O prejuízo maior é para as partes envolvidas em processos, que agora terão de esperar que novas audiências sejam marcadas”, disse o juiz titular do Fórum, Fernando Ribeiro de Oliveira. Onze policiais militares foram destacados de Goiânia para a operação. Durante a tarde de ontem, fizeram uma varredura com detector de metais em todo o prédio, inclusive banheiros, telhado e jardim. Nenhum explosivo ou material suspeito foi encontrado. Os bombeiros auxiliaram na ação.

Os funcionários do Fórum, inclusive juízes, passaram boa parte da tarde na entrada do prédio, aguardando os PMs concluirem a inspeção no edifício. Às 15h10, horário marcado pelo trote para a suposta explosão da bomba, o telefone público que fica na recepção do Fórum tocou. As pessoas se afastaram em silêncio, apreensivas. O aparelho continuou tocando isolado e o medo de que pudesse realmente haver um explosivo no local tomou forma entre o grupo, inclusive jornalistas. Ninguém se atreveu a tirá-lo do gancho, até que um repórter teve coragem: era engano.Relação – Ainda no início da tarde de ontem, o reeducando Esmeraldo Lima da Silva, condenado por assalto e furto, que aguardava audiência na Cadeia Pública de Senador Canedo, localizada atrás do prédio do Fórum, fugiu por um buraco de ventilação.

Houve a suspeita de que o trote tivesse servido para desviar a atenção da polícia durante a fuga. “Não dá para afirmar isso ainda, até porque não creio que alguém com essa intenção passasse um trote que atraísse a polícia para o local”, disse o tenente Altamiro José Firmino, comandante da seção operacional do Tribunal de Justiça de Goiás, que foi destacado para o local e comandou a operação. O reeducando, que cumpre pena na Penitenciária Odenir Guimarães (POG), foi recapturado menos de 20 minutos depois da fuga, a dois quarteirões da Cadeia de Senador Canedo. Ele negou qualquer ligação com o trote. O expediente do Fórum volta ao normal hoje.

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