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quinta-feira, março 22, 2007

IBGE retira sofá da sala e PIB, subitamente, sobe



O IBGE mudou a metodologia de cálculo do PIB. Com a mudança, tornaram-se mais vistosos os indicadores do desempenho da economia sob Lula. O PIB de 2005, por exemplo, passou de R$ 1,937 trilhão para R$ 2,148 trilhões. Os números de 2006 serão divulgados no próximo dia 28 de março.

A principal mudança operada pelo IBGE foi o aumento da incidência do setor de serviços nos cálculos do PIB. Passou de 56,3% para 66,7%. Outros setores tiveram o percentual de incidência reduzido. Por exemplo: saúde e educação pública caiu de 15,7% para 14,9%; agropecuária desceu de 7,7% para 5,6%; e o setor industrial foi de 36,1% para 27,7%.

Retirado o sofá da sala, alteraram-se os índices de crescimento da economia. Os novos resultados são mais favoráveis a Lula do que ao antecessor dele, Fernando Henrique Cardoso. Depois de refazer as contas, o IBGE concluiu que todos os PIBinhos apurados sob Lula ficaram mais vistosos.

O PIB de 2003, primeiro ano de Lula no Planalto, passou de 0,5% para 1,1%; o de 2004, subiu de 4,9% para 5,7%; o de 2005, foi de 2,3% para 2,9%. Quanto ao de 2006 –2,9 %, segundo a metodologia de cálculo antiga—, o novo índice só será conhecido no final do mês. O ministro Guido Mantega (Fazenda) acha que pode chegar a 3,3%. Agora, segundo ele, o Brasil está, veja você, no G8, o grupo dos países mais ricos do mundo.

A nova metodologia não foi tão generosa com FHC. Ficaram assim os PIBs da era FHC: o de 1995, de 4,22%, ficou do mesmo tamanho; em 1996, caiu de 2,7% para 2,2%; em 1997, oscilou positivamente de 3,3% para 3,4%; em 1998, variou negativamente de 0,1% para 0,0%; em 1999, minguou de 0,8% para 0,3%; em 2000, de novo, caiu de 4,4% para 4,3%); em 2001, manteve-se nos mesmos 1,3%; e, em 2002, subiu de 1,9% para 2,7%.

O resumo da ópera é o seguinte: por força da mudança de uma fórmula matemática, o Brasil ficou mais rico do dia para a noite. O PIB, como se sabe, mede a soma das mercadorias e dos serviços produzidos pelo país. Em uma palavra: mensura a riqueza nacional.

O IBGE argumenta que determinados setores da economia, sobretudo o de serviços, estavam sub-avaliados na conta anterior. Daí a necessidade de revisar as contas. A pergunta que fica boiando no ar é a seguinte: quais são os critérios adotados pelo instituto governamental para definir o dia e a hora da revisão contábil? Por que agora?

Sob os efeitos da nova metodologia, as contas feitas para definir os investimentos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) também terão de ser revistas. Foi o que anunciou um satisfeito ministro Guido Mantega (Fazenda).

Um comentário:

Unknown disse...

Seria interessante que o Jornalista verifica-se junto a especialistas se a afirmacao emocional que fez est'a correta