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sábado, abril 21, 2007

Mangabeira aceita convite de Lula e vira ministro




O filósofo Roberto Mangabeira Unger foi convidado e aceitou nesta sexta-feira integrar o ministério de Lula. Será o 36o ministro de uma Esplanada que parece de borracha. Estica a mais não poder.

Mangabeira vai chefiar a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, vinculada diretamente à presidência da República. Herdará um núcleo de estudos que, no primeiro reinado, foi chefiado pelo petista Luiz Gushiken. Chama-se NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos).

De quebra, a secretaria confiada a Mangabeira absorverá o prestigioso IPEA (Instituto de Pesquisas Aplicadas), hoje pendurado ao organograma do Ministério do Planejamento. Mangabeira ascende à Esplanada sob a chancela do PRB, o partido do vice-presidente José Alencar.

Professor titular de direito da universidade norte-americana de Harvard, uma das mais respeitadas usinas de canudos do planeta, Mangabeira tem uma trajetória política errática. Em 1982, filiou-se ao PDT. Foi um dos principais conselheiros de Leonel Brizola, a quem apoiou nas campanhas presidenciais de 1989 e 1994.

Depois, achegou-se a Ciro Gomes, então filiado ao PPS. Apoiou-o nas disputas presidenciais de 1998 e 2002. Em 2005, flertou, ele próprio, com uma candidatura presidencial, pelo PDT. Foi à TV no horário político do nanico PHS. Ganhou a adesão de Caetano Veloso, que o definiu como um “aventureiro do bem” (assista lá no alto).

Mangabeira acabou desistindo em favor de uma hipotética candidatura de José Alencar, à época no PR. Alencar, porém, compôs, de novo, a chapa de Lula, como vice. Ainda em 2005, numa época em que ardia o caldeirão de malfeitorias do mensalão, Mangabeira defendeu, em artigo publicado na Folha, o afastamento de Lula.

Eis o que ele escreveu: “O governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional... Afirmo ser obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do presidente".
Na campanha presidencial de 2006, Mangabeira deu uma inusitada meia-volta. Aliou-se ao chefe do “governo mais corrupto de nossa história”. Chegou mesmo a gravar uma participação no programa eleitoral de Lula (assista aí em baixo). Agora, o filósofo do vaivém torna-se ministro de um presidente que desejava ver bem longe do Planalto. É, como se vê, um político dos mais tradicionais, tão incoerente quanto qualquer outro.

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