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sábado, novembro 03, 2007

Senador Canedo - Protesto em enterro de ambulante


Um dos acusados de ter cometido o crime, o fiscal do Terminal do Dergo, André de Paula Costa, seria amigo das vítimas e está foragido

Parentes e amigos do vendedor ambulante Josiel Mendes de Brito, de 27 anos, velaram e enterraram ontem, em Senador Canedo, a vítima, assassinada na quinta-feira. Os acusados de terem cometido o crime, conforme levantamentos feitos pela Polícia Militar (PM), são o fiscal de terminal André de Paula Costa, 25, residente no Jardim da Luz, e um comparsa, que pode se chamar Rodrigo. Os dois teriam tentado matar a mulher de Josiel, a também ambulante Odalice Martins Dias dos Santos, 23. Havia alguns dias que o casal tentava vender um aparelho de som automotivo para pagar algumas dívidas, mas foi atraído pelo criminoso, que usou uma faca e um pedaço de pau no ataque.

A PM confirmou na noite de quinta-feira que o acusado é funcionário da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), lotado como fiscal do Terminal do Dergo. Foi assim, segundo familiares, que o casal conheceu André, há cerca de um ano. Por um tempo eles tiveram uma banca no Terminal da Praça da Bíblia, onde vendiam CDs e DVDs.

A mãe de Josiel, Domingas Mendes de Brito, estava inconformada com a forma planejada e fria com que o filho foi assassinado. “Queremos justiça, que eles paguem pelo que fizeram ao meu filho”, pedia ontem durante o velório no Jardim das Oliveiras. Conforme familiares das vítimas, Josiel tinha ido duas vezes em feiras de automóveis tentando vender o som para pagar uma dívida bancária. Nesse intervalo, eles ofereceram o som para o fiscal, acreditando que se tratava de pessoa idônea. Também surgiu a versão sobre uma provável dívida do casal com André.

O crime teria começado a ser tratado na Praça da Bíblia, no Setor Leste Universitário. Conforme uma irmã de Odalice, a operadora de telemarketing Elceni Martins, o casal manteve telefonemas por dois ou três dias seguidos com o fiscal, até que ele disse ter arranjado um comprador para o som. Josiel e Odalice marcaram o encontro na Praça da Bíblia.

Lá, o casal encontrou André e um amigo. Os acusados teriam então entregue ao ambulante um cheque no valor de R$ 10 mil como sendo o pagamento pelo som. O aparelho, contudo, teria de ser levado por eles naquele horário até o comprador, uma pessoa em Trindade que, tudo indica, não existe.

No caminho, o casal foi surpreendido pelos homens que teriam usado uma faca para obrigar Josiel a dirigir o carro do casal, o Corsa Sedan branco placa GVF-6593, até uma estrada vicinal próxima de Nazário. Nessa estrada todos desceram do veículo e o ambulante foi esfaqueado. Em seguida foi a vez de Odalice. André e o homem, conforme a polícia, tentaram degolar a mulher. Quando ela já tinha sofrido um corte profundo no pescoço, deram uma paulada na cabeça da vítima, que fingiu estar morta.

Os acusados teriam retirado do bolso de Josiel o cheque de R$ 10 mil e entraram no Corsa, fugindo do local. Odalice disse que chegou até uma estrada movimentada, onde conseguiu ajuda.

Ao bombeiro Marcos Nery, que prestou socorro, conforme consta na ocorrência policial registrada no Hospital de Urgências de Goiânia, para onde foi levada, ela relatou que escutou André dizer que “tinha que fazer aquilo”. Familiares do casal garantiram à polícia que o Corsa foi visto passando na porta do Hugo na noite de quinta-feira.

Assim que conseguiu identificar que o suspeito era funcionário da CMTC, a PM mostrou cópias de documentos com fotografia de André para Odalice e a mulher reconheceu o fiscal. Internada no Hugo, ela se recupera. A PM ainda não tinha conseguido encontrar os suspeitos ontem. A investigação pela Polícia Civil só deve prosseguir na segunda-feira, quando o caso deve ser transferido do 8º Distrito Policial, no Setor Pedro Ludovico, para uma delegacia especializada.


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