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sexta-feira, julho 27, 2007

Jobim assume Ministério tropeçando na referência



Segundo ele, o país “já teve um ministro da Saúde que não era médico e nem por isso deixou de ser um grande ministro”

O presidente Lula decidiu nomear Nelson Jobim para titular do Ministério da Defesa. Naturalmente, é uma decisão que compete ao presidente – e só a ele. Nós aqui somos a favor de que ele exerça plenamente o mandato que o povo brasileiro lhe conferiu. Por esta razão, sempre fomos contra aberrações do tipo “banco central independente”, “agências reguladoras” e outras que tais. Estrupícios como esses somente são independentes de quem o povo escolheu para governar o país – e isso tem que acabar.

Quanto ao escolhido para ocupar o Ministério da Defesa, os leitores sabem que não somos propriamente fãs de sua trajetória. Até hoje, ele esteve quase sempre muito mais próximo dos setores que no momento são abertamente golpistas, do que daqueles setores que tentam, com o presidente da República à frente, mudar o país, torná-lo mais justo e mais desenvolvido.

INTENTONA

Pode ser que essa seja a sua credencial para ocupar o Ministério da Defesa numa situação em que seu posto é o mais visado, depois do presidente, por uma trupe que parece ter perdido qualquer limite moral em sua intentona contra o governo mais popular desde Getúlio e Juscelino.

Pode ser que sua nomeação faça com que pelo menos alguns cachorros de aluguel da reação tomem um diazepam. Afinal, Jobim sempre foi muito bem relacionado – com a Globo, com o Serra, com o Citibank e outros.

E, amigos leitores, não vamos subestimar a capacidade dos homens de mudar. Pode ser que Jobim faça uma administração consentânea com as necessidades do país e o caráter do governo eleito pelo povo.

Pode ser, e não devemos ter preconceitos a respeito de nada e de ninguém. Mas que achamos difícil, lá isso achamos.

Não nos parece que a cachorrada de aluguel seja contida por considerações do tipo das que esboçamos. Da mesma forma, abrir mão de parte do caráter público da Infraero para que alguns famigerados monopólios adquiram um pedaço da empresa, também não parece que vá funcionar. Certamente, eles não vão injetar recursos na empresa se não puderem tirar dela – isto é, do Estado brasileiro, vale dizer, do povo brasileiro – muito, muito mais do que colocarem. Se não fosse assim, eles seriam filantropos, e não o que são - monopolistas vorazes. É verdade que, diferente da época de Fernando Henrique, o governo não está entregando a empresa a preço de resto de feira. Mas está fornecendo aos inimigos do governo a oportunidade de sentir o gosto de sangue do Estado. Como está fora de questão, acreditamos, fornecer a carne toda, isso só servirá para açular a matilha.

Não foi para obter um pedaço da Infraero que eles empreenderam a atual campanha. Foi para derrubar Lula. O presidente pode até, como é mais provável, não ser candidato nas próximas eleições devido a uma legislação feita para limitar o direito do povo de eleger seus líderes ao governo. Mas, com a popularidade que tem, será o grande eleitor. Eles sabem que Getúlio conseguiu eleger Dutra – um candidato sem atrativos físicos, sem currículo ou vocação heróica, que nem ao menos falava em público – contra o udenista Eduardo Gomes - aquele que “era bonito e era solteiro”, discursava bem e, ainda por cima, 23 anos antes, havia sido um dos “18 do Forte”, na revolta de 1922 contra a oligarquia da República Velha.

É exatamente isso o que querem impedir, para colocar no poder alguma cópia de Fernando Henrique, provavelmente uma cópia careca.

Observemos que o desespero deles vai ao ponto de fabricarem uma “crise” sem qualquer base real. Nem mesmo aquelas aparências falsas da crise golpista anterior existem na atual.

O presidente Lula não derrubou o avião da TAM. Os supostos problemas da pista estão praticamente afastados – e, se existissem, também não seriam culpa do presidente. Não há nem suspeita de que tenha havido problemas no controle de vôo que possam ter causado a tragédia. Em suma, não há nenhuma falha que se possa atribuir ao governo nesse acidente. Quanto ao desastre anterior, o da Gol, foi causado por dois pilotos norte-americanos irresponsáveis.

Porém, nada disso impediu que acusassem Lula pelo acidente – aliás, pelos dois - apesar do governo haver realizado uma ampla reforma nos aeroportos do país, sucateados pela incúria tucana. A “Veja”, em sua última edição, acusa o presidente de “negligência por não ter demitido os responsáveis pelo acidente da Gol”. Parece até que os dois americanos eram funcionários do governo... A “Globo” acusa o governo pelo desastre em quatro jornais diários, sem falar nos jornais impressos do grupo. A “Folha de S. Paulo” colocou um charlatão em sua primeira página escrevendo, em caixa alta, que o governo assassinou 200 pessoas.

MODELO

Essa conjunção de barões de imprensa dependentes desde os cueiros do capital americano, rapazes delicados que pululam pelas redações e mal-amadas histéricas que assinam colunas em jornais não costuma ficar saciada porque o governo que querem derrubar cedeu um pouco. Geralmente, se sentem mais estimulados. Até porque eles não têm amigos e, muito menos, companheiros – na visão desse zoológico, Jobim é um concorrente, talvez um traidor.

Mas, se a coisa funcionar, não será mau para o governo, portanto, para o país e para o povo. Torcemos para que funcione. Porém, Jobim começou mau. Indagado sobre como ia enfrentar a crise não tendo experiência aeronáutica, disse que “o Brasil já teve um ministro da Saúde que não era médico e nem por isso deixou de ser um grande ministro”. Pelo jeito, ele considera que aquela proliferação de dengue, lepra, tuberculose, vampiros, sanguessugas & quejandos foi uma grande administração. Esperemos que este não seja o modelo que escolherá para sua gestão na Defesa. Mas... quem era mesmo o ex-ministro do qual Jobim resolveu fazer propaganda logo em sua primeira atividade ministerial? Um certo José Serra, que, certamente, nada tem a ver com o golpismo alucinado contra o presidente. Nem será concorrente nas próximas eleições, assim como foi contra um candidato de nome Lula da Silva.

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