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quarta-feira, maio 02, 2007

Peleguismo sindical sepulta reforma trabalhista




Nunca na história desse país a máquina dos sindicatos esteve tão atrelada ao Estado. Neste Dia do Trabalhador, as duas centrais mais pujantes –CUT e Força Sindical—arrastaram multidões em São Paulo. Mais de 1,5 milhão de pessoas. Foram atraídas ora pelo sorteio de prêmios ora pela presença de artistas populares.

Os interesses reais dos trabalhadores não compareceram às duas festividades. As centrais parecem, no momento, mais interessadas em obter vantagen$ para elas próprias. Para a malta, de concreto, ouviram-se apenas promessas de criação de uma espécie de bolsa viagem.

Viagem instantânea, imediata, só a reforma trabalhista obteve. Foi transportada para as calendas. Todos desejam vê-la bem longe da cena política brasileira. Recorde-se, por oportuno, uma promessa feita por Lula na já longínqua campanha presidencial de 2002.

Em debate com José Serra, então candidato do PSDB, Lula desfiara um rosário de promessas. Entre elas a reforma tributária, que seria enviada ao Congresso no segundo semestre de 2003. Não foi. Entre elas também a reforma da legislação trabalhista. Lula falava, então, da necessidade de modificar a CLT, adequando-a “à realidade atual”. Não moveu uma mísera palha nessa direção.

No mesmo debate, Lula disse: “Quero que as pessoas cobrem de mim” os compromissos assumidos. Para facilitar a cobrança, o signatário do blog disponibiliza aos interessados, no vídeo abaixo, um trecho do lero-lero daquele Lula de 2002. Uma conversa fiada que o Lula de 2007 parece ter esquecido. Falta ao presidente um Lula de 1980, sindicalista de barba desgrenhada, com cara feia e voz estridente. Alguém com autoridade para dizer-lhe que tabus e dogmas não enchem a geladeira de ninguém.

Enquanto esse sindicalista não vem, sob o discurso da pretensa defesa dos direitos trabalhistas, move-se uma legião de brasileiros que, empurrados para a informalidade, não dispõem de nenhum tipo de direito. Os operários retratados por Tarsila do Amaral, hoje dispersos pelos mais diversos setores da economia, nunca estiveram tão desamparados. Trafegam a esmo entre o desemprego e o subemprego informal.


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