Páginas

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Mata-se muito mais no interior do que nas capitais, Goiás tem 32 cidades na lista



Acaba de sair do forno um estudo imperdível. Foi elaborado pela OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, Ciência e Cultura), em parceria com o Ministério da Saúde. Derruba um mito: mostra que o número de homicídios é proporcionalmente maior nos municípios do interior do país do que nas capitais.

Os pesquisadores manusearam dados referentes a uma década –1994 a 2004. Verificaram que as mortes por homicídio concentram-se em 556 (10%) dos 5.560 municípios brasileiros. Constataram também que esse tipo crime cresce mais no interior. Tomando-se os dados de 2004, verifica-se que, dos 48.285 casos de homicídio registrados, 34.712 –mais de dois terços—ocorreram em cidades interioranas.

Os achados foram condensados numa brochura de 191 páginas (íntegra aqui). Nesses tempos de pânico, é leitura obrigatória. O primeiro passo para derrotar um inimigo é conhecer-lhe, com nitidez, a cara. Na altura da página 54 há um ranking dos municípios mais violentos. Foi elaborado com base no número de homicídios para cada 100 mil habitantes.

Entre as dez cidades com maior taxa de mortalidade, quatro estão assentadas no Estado de Mato Grosso - Colniza (1º), Juruena (2º), São José do Xingu (5º), Aripoanã (8º). Completam o ranking das dez mais Coronel Sapucaia (MS), em 3º; Serra (ES), em 4º; Vila Boa (GO), 6º lugar; Tailândia (PA), 7º; Ilha de Itamaracá (PE), 9º; e Macaé (RJ), 10º colocado.

Em Colniza (MT), o município mais violento do país, registraram-se, em 2004, 165,3 homicídios por 100 mil habitantes. A média nacional é de 27,2 mortos por cem mil habitantes. A primeira capital brasileira a despontar no ranking dos municípios mais violentos é Recife. Ocupa o 13º lugar, com 91,2 assassinatos para cada 100 mil habitantes.

É no mínimo inusitado que o Rio de Janeiro do menino João Hélio e a São Paulo do PCC figurem, respectivamente, na 107a e na 182a colocação. Ainda que se considere que nem só de homicídios se faz a violência (há estupros, roubos, violência física, etc.) o dado não deixa de ser surpreendente.

O estudo oferece munição valiosa para a definição das políticas públicas de segurança. Fica claro que o Estado brasileiro errará o alvo se limitar as suas atenções às regiões metropolitanas. Precisa mirar, no mínimo, os 556 municípios que concentram 10% dos casos de homicídios.

De resto, fica boiando no ar uma incômoda pergunta: se falta à União e aos Estados recursos mínimos para enfrentar a violências nos grandes centros, o que será do futuro dos municípios do interior? Antes, os brasileiros que desejavam fugir do cotidiano acerbo das capitais, tinham a opção de migrar para o interior. Agora, nem isso.

Nenhum comentário: